terça-feira, 29 de setembro de 2009


Quando aterrissei em Berlim Ocidental, para participar da 25a Mostra Internacional do Cinema Sadomasoquista, eu já imaginava que as coisas esquentariam bastante em algum momento da viagem, principalmente porque meu grande amigo Patrick Shulbert, conhecido piloto de fórmula 1 e entusiasta de cinema pornô, estava me esperando lá. A última vez que havíamos nos encontrado foi durante o Grand Prix de Indianápolis. Meu amigo piloto, depois de ganhar a corrida, me levou para comemorar a vitória, junto com sua equipe, em uma festa na mansão de Thomas Jefferson Reed, figurão da indústria do cinema infantil Norte-Americano.
Na mansão, fui apresentada a Mr. Reed e, antes de arrancarmos nossas roupas e começarmos a suruba, tive a oportunidade de lhe entregar meu cartão. Depois daquela noite, me despedi de Schulbert e não o vi por três anos, até a referida mostra de Cinema Sadomasô.
Shulbert me aguardava em um hotel cinco estrelas, bem no centro da Berlim Ocidental. Tomamos alguns drinques no bar do hotel, conversamos um pouco e fomos direto para o local da mostra de cinema. Os eventos daquela noite duraram cinco horas e no fim eu já estava mais do que pronta para ser chicoteada, amordaçada e torturada pelo meu amigo piloto e alguns camaradas do leste que conseguiram pular o muro e assistir à mostra. Shulbert, no entanto, tinha outros planos. Para minha surpresa, meu amigo piloto, na companhia de não mais do que um camarada comunista – Frans Hankenstain-, dispensou o motorista e guiou a limousine até a área norte de Berlim. Shulbert estacionou o carro e entramos todos em uma casa de chá abandonada. Fiquei completamente excitada quando dentro do lugar vi Mr. Thomas Jefferson Reed acompanhado de dois outros distintos cavalheiros – Mr. Liu Chain Kow e Mr. Orson Bursth. Aqueles homens eram o supra-sumo das duas Alemanhas, da China e dos E.U.A e para minha extrema decepção não estavam reunidos para colocar a casa de chá abaixo numa sacanagem internacional, mas sim para me incumbir de uma importante missão.
A partir daquele momento estava em minhas mãos o dever de manter o tênue e bipolar equilíbrio do planeta que, de acordo com eles, estava prestes a testemunhar a queda do 60o paralelo, que dividia o mundo em ocidente e oriente, capitalistas e comunistas. O muro de Berlim, naqueles dias, era o último sustentáculo do universo comunista, e estava seriamente ameaçado. Mr. Reed me explicou que o governo americano secretamente patrocinava os governos comunistas para assim manter o equilíbrio político e econômico do planeta. O então recente turbilhão, provavelmente patrocinado pelos árabes, que assolava o eixo bipolar do mundo estava ruindo o equilíbrio econômico e as coisas poderiam ficar fora de controle. Minha tarefa era sabotar a unificação das duas Alemanhas, impedindo a queda do muro de Berlim. A missão era ultra-secreta, já que ninguém podia suspeitar do envolvimento Norte-Americano no processo de manutenção do comunismo.
Meu codinome: Atlas. Eu teria que invadir o prédio do D.C.G. (Diretório Central do Governo Alemão) e instalar três bombas, explodindo assim os principais líderes pró-unificação. O atentado poderia levar o mundo a pensar que os comunistas eram os culpados, mas Mr. Liu Kow me garantiu que os organismos de inteligência chinesa plantariam evidências que incriminariam outros grupos separatistas, de tendência direitista, talvez a máfia italiana. Mr. Bursth me disse que o comunismo era extremamente importante para os interesses norte-americanos, sem ele o planeta sofreria a expansão inevitável do mundo árabe e isso nem os capitalistas, nem os comunistas poderiam admitir. Combinei os honorários para a realização da tarefa e segui para meu hotel, a fim de me preparar para a missão. Felizmente me sobrou tempo para cair na sacanagem com meu amigo piloto que, na verdade, era um agente secreto da guarda do vaticano, e também participaria do ataque ao D.C.G. alemão. Patrick Shulbert usaria o codinome Perseu.
Passei os dois dias que se seguiram me preparando para o ataque. Shulbert trouxe mapas do subsolo da cidade e plantas baixas, material para construir as três bombas e umas fitas VHS de filmes que estavam concorrendo à 25a Mostra, para que não ficássemos por fora das novidades. Com o plano todo organizado, seguimos para a área do D.C.G. Paramos a alguns quarteirões do edifício e entramos na rede de esgoto. Ao chegarmos ao subsolo do prédio, abrimos a escotilha secreta e invadimos silenciosamente o edifício. Shulbert sugeriu que nos separássemos. Ele cuidaria da segurança, enquanto eu instalaria as bombas. Naquele momento eu não suspeitava que estivesse entrando em uma perigosa armadilha. Mr. Reed, representando os escalões ultra-secretos do governo norte-americano, me contratara para impedir que o comunismo fosse destruído. No entanto, ele mesmo havia contratado outra profissional para impedir que eu impedisse a queda do muro de Berlim. Os planos norte-americanos sempre foram vários, e às vezes conflituosos.
Na confusão que se formou dentro do D.C.G., perdi as três bombas e Shulbert foi morto. A outra profissional contratada por Mr. Reed me atacou de surpresa, usando bombas de gás lacrimogêneo. Consegui escapar, semiconsciente, do edifício e me esconder por alguns dias numa casa de escravas brancas na Berlim Oriental. Com certa dificuldade, fugi em seguida pelo Mar Báltico até a residência de um dos meus contatos em Helsinque.
Como resultado dos planos terríveis de Mr. Reed e seus comparsas, o muro de Berlim caiu por terra e as duas Alemanhas foram anexadas, colocando um ponto final ao mundo comunista e no equilíbrio político e econômico do planeta.

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